A elite econômica de um país possui significativo poder político, ainda que não decida diretamente pelo voto uma eleição. Por concentrar o poder de decisão de investimentos, criar crises de confiança e desacelerar a economia, a elite tem papel relevante na estabilidade de governos e, no limite, na normalidade das instituições democráticas.1 Assim, embora sejam core constituency de partidos conservadores,2 os partidos progressistas que chegam ao poder não podem se dar ao luxo de ignorá-la—nem as demandas, muito menos as reações a políticas redistributivas e econômicas.
Um caso ilustrativo dessa dinâmica é a relação entre o empresário industrial brasileiro e os governos do Partido dos Trabalhadores (PT). O PT chegou à presidência brasileira pela primeira vez em 2003, contando com o apoio público de parte da elite industrial nacional à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.3 A articulação política entre governo petista, empresariado e trabalhadores organizados foi definida como uma “coalizão produtivista”,4 “frente neodesenvolvimentista”5 ou até “aliança dos perdedores do neoliberalismo”.6 Enquanto Lula (2003-2010) equilibrou os interesses industriais e financeiros – com relativa prioridade aos últimos -, sua sucessora, Dilma Rousseff (2011-2016) priorizou os primeiros. O governo Dilma I (2011-2014) tentou redobrar a aposta desenvolvimentista, lançando a Nova Matriz Econômica, um pacote de medidas de incentivo à indústria, o Plano Brasil Maior (PBM) e linhas de crédito pelo BNDES, além de reduzir a taxa de juros e desvalorizar o real, dentre outras medidas.
Apesar do aparente maior alinhamento entre Dilma e industriais, o empresariado do setor se mobilizou enfaticamente pelo impeachment em 2016. A causa dessa inflexão no comportamento político empresarial é um tema ainda em aberto entre os analistas da política brasileira. Enquanto alguns enfatizam a crise econômica, outras dão maior destaque às tensões de classe agudizadas. Ademais, não está claro se os industriais lideraram a onda anti-petista ou apenas a seguiram, nem qual a extensão de sua unidade em torno do impeachment.7
Este texto visa contribuir com essa discussão ainda em curso. Argumento que a coalizão entre empresários e PT era uma aliança conveniente para os interesses de curto prazo dos industriais com os governos petistas, mas não ideológica com o partido. Assim, não era politicamente estável e só foi possível em contextos de altas taxas de crescimento econômico e alta aprovação popular dos presidentes petistas. A desaceleração econômica e a crise de popularidade gerada pelos protestos de junho de 2013 permitiram que os industriais se reorganizassem enquanto oposição, demonstrando a fragilidade dessa aliança e jogando luz sobre as contradições entre os interesses de longo-prazo dos industriais e o projeto petista. Embora não tratemos em detalhes, o apoio industrial ao impeachment é outro momento de explicitação dessa dinâmica, hoje ainda de fundamental importância por estarmos diante de tentativas renovadas de construção das bases políticas e sociais do terceiro governo Lula entre setores das elites empresariais e trabalhadores.
Apoio contextual e tensões latentes sob os governos Lula
A aliança que deu base ao lulismo no início dos anos 2000 é melhor entendida como uma resposta às condições econômicas e políticas especialmente hostis da década de 1990. Historicamente dependente do Estado, a indústria brasileira gozava até então de certo monopólio sobre o mercado interno. A abertura econômica, a política de estabilização monetária e as reformas neoliberais resultaram em desindustrialização abrupta. Os governos neoliberais, voltados majoritariamente aos interesses do setor financeiro, ignoravam os pedidos de socorro da indústria nacional.8 Em decadência econômica e política, parte da elite industrial foi atraída pelo projeto de desenvolvimento apresentado pelo PT.9
Uma vez eleito, Lula acomodou os interesses do setor industrial nas políticas microeconômicas e, em menor grau, na proteção comercial. No entanto, o tripé macroeconômico—herança dos governos Fernando Henrique Cardoso— foi mantido, a fim de atender ao mercado financeiro e sob o argumento de garantir a estabilidade econômica.10 A condução macroeconômica voltada ao controle da inflação em detrimento do desenvolvimento nacional foi alvo de críticas pelo empresariado ainda no primeiro mandato de Lula.11
Embora durante o segundo governo Lula o boom dos preços das commodities tenha permitido maior liberdade fiscal, as políticas pró-indústria e o aquecimento da demanda nacional não foram suficientes para reverter a desindustrialização em curso. Não obstante, o alto crescimento econômico permitiu que a indústria crescesse em termos absolutos, colocando panos quentes nas tensões estruturais, que seriam expostas nos mandatos da sucessora.
A promessa não consumada da Nova Matriz Econômica
Dilma Rousseff assumiu o governo na virada de um ciclo econômico, com os aftershocks da crise de 2008 desaquecendo a economia global e aumentando a pressão por austeridade fiscal.12 Em resposta a esse novo contexto, a presidenta lançou a Nova Matriz Econômica (NME), que visava brecar a desindustrialização em curso e, com isso, gerar crescimento econômico, renda e emprego.13
A reação empresarial à NME pode ser dividida em três momentos. Inicialmente, entre 2011 e meados de 2012, o empresariado mostrava-se extremamente otimista com a nova política econômica, demandando seu aprofundamento. O segundo momento, de meados de 2012 ao início de 2013, é marcado, de um lado, pelo otimismo em relação à macroeconomia, e, por outro lado, pela impaciência com a lentidão na implementação das políticas anunciadas. A preocupação era de que as medidas ficassem mais no discurso do que na prática. Os líderes empresariais já ponderavam que as ações eram “paliativas” e de “curto prazo” e, apesar de bem-vindas, não seriam suficientes para corrigir a concorrência “predatória” dos países asiáticos — em especial a China — no mercado local.
A partir do segundo semestre de 2013, no entanto, o empresariado passou a exigir inflexões significativas na política econômica, julgando a NME como uma das culpadas pela crise econômica. O que explica essa mudança?
Primeiro, o pano de fundo econômico e a pressão do setor financeiro. O impacto da crise no solo nacional começou a dar sinais mais claros já no início de 2013, com o fim do boom das commodities e o desaquecimento da demanda. Simultaneamente, a tentativa de mexer no tripé macroeconômico foi duramente repreendida pelo mercado financeiro, que já ameaçava uma crise com a volta da temida inflação, e pressionava por medidas contracionistas.14
Em segundo lugar, neste novo cenário, o próprio governo recuou tanto nas medidas micro quanto nas macroeconômicas. Políticas que estavam em vias de serem implementadas foram congeladas e medidas que já vigoravam corriam risco de reversão.15 Isto é, a base que sustentava a satisfação industrial — a saber, o avanço das políticas anunciadas e mudanças no tripé macroeconômico — estava sendo corroída.
Enquanto isso, a percepção dos industriais era de que o mesmo não ocorreria para as políticas trabalhistas – daí o já mencionado acirramento dos conflitos de classe. O governo mantinha seu compromisso com o reajuste do salário-mínimo e resistia, até então, a cortar gastos com políticas sociais. A avaliação consensual entre os líderes empresariais era de que a produtividade industrial não estava mais acompanhando o aumento do custo trabalhista, o que significava que a iminente crise econômica seria paga por eles. O líder empresarial Fernando Pimentel (Abit) analisava que, se o governo não controlasse a inflação pelo esfriamento da demanda, o empresariado o faria através do desemprego.16
Frente à desaceleração econômica, o equilíbrio tênue da coalizão produtivista entre os interesses conflitantes dos trabalhadores e empresários tornou-se difícil de ser mantido. Os industriais perderam a confiança na capacidade do governo em atender a suas demandas setoriais e em reverter a desaceleração econômica nacional.17 Enquanto pressionavam pela austeridade fiscal e pelas reformas neoliberais – tributária, previdenciária e trabalhista, além de uma redução do tamanho e da função do Estado brasileiro—, o governo resistiu por ao menos mais um ano.18 Assim, os empresários industriais não se viam mais alinhados com as prioridades da agenda governamental justamente no contexto econômico mais desafiador.
Junho de 2013 como janela de oportunidade política
Já o timing da oposição industrial é melhor explicado pelo contexto político. Mesmo com sinais de insatisfação no início de 2013, o empresariado parecia manter a fachada de apoio ao governo. Afinal, Dilma era extremamente popular, com cerca de 65% de aprovação até o primeiro semestre de 2013. Os empresários não tinham razões, portanto, para se indispor com um governo que tinha tudo para se reeleger no ano seguinte.
O cenário se altera profundamente com os grandes protestos de junho daquele ano, que levaram milhares de brasileiros às ruas. Embora tenha se originado por pautas progressistas, o saldo das manifestações foi o fortalecimento da extrema-direita, das bandeiras anti-política, do antipetistismo e um desejo generalizado de “mudança” na política.19 Os protestos empurraram o governo Dilma “no fluxo da desmoralização e descrédito a que estavam submetidos os governos em todos os países, sequela da crise econômica iniciada em 2008”.20 A aprovação da presidenta caiu, em questão de semanas, para 30%. Essa alteração radical da cena política brasileira possibilitou um alinhamento entre a preferência eleitoral industrial com o esperado resultado das urnas nas eleições presidenciais de 2014 (Fig. 1).
Conforme ilustra a figura acima, a preferência empresarial seguia a tendência oposta da expectativa da escolha dos eleitores até o início de 2013. Isto é, embora Dilma não fosse a candidata preferida dos empresários, era alta a expectativa de que a presidenta seria reeleita – e é essa expectativa que rege a aparente manutenção do apoio industrial até junho de 2013. Contudo, após os protestos, os empresários calcularam que as expectativas se alinhariam à sua preferência nas eleições de 2014, apostando na vitória do candidato de Aécio Neves (PSDB) contra Dilma. O então presidente do Goldman Sachs no Brasil sintetizou a harmonia entre as ruas e o setor privado: “Tanto os investidores quanto a população expressaram, de maneiras diferentes [a população, com os protestos; o setor privado com a perda de confiança], coisas parecidas, que têm a ver com a perda de conectividade entre a política e os anseios do investidor e da população”.21
Com a expectativa de que Dilma não se reelegesse, os industriais romperam publicamente com a coalizão governista e se juntaram à oposição ao governo. A partir de então, a desaprovação industrial ao governo se torna crescente e o discurso empresarial se torna majoritariamente crítico ao governo e sua política econômica.22 Conforme sintetiza aquele mesmo líder industrial, Fernando Pimentel, em entrevista à autora, “essas manifestações vieram no intuito de resolver o problema, uma situação que vinha se complicando. Então [eu] acho que elas fizeram parte da solução para que a gente superasse aquele problema”.23
Qualitativamente, o diagnóstico do principal obstáculo ao crescimento industrial também se alterou. O avanço dos produtos importados no mercado nacional e a crise internacional deixaram de ser apontados como a fonte das dificuldades industriais, e o principal problema passou a ser uma “crise nacional”, causada pelo modelo Estado brasileiro, e consequentemente, pela sua força governante.
Em síntese, os empresários defendiam que o partido no poder era responsável por um Estado “inchado e ineficiente”. Primeiro, porque o PT adotava uma política econômica considerada “atrasada” e “ideológica”, que afundava o país na crise. Segundo, porque o PT formava uma “elite política” corrupta, que criava rombos nos cofres públicos. Assim, no discurso empresarial, a crise econômica se ligava diretamente à crise política e ética. A solução, seguindo a lógica da argumentação, seria a saída do PT da presidência e a transformação simultânea do Estado e da economia. Ao invés de gastos sociais “excessivos”, um aparato estatal “aparelhado” e “parasita”, e políticas econômicas “curto-prazistas”, o Estado deveria “fechar a torneira” dos gastos públicos e limitar sua atividade para a condução macroeconômica. Além disso, a prioridade deveria ser de “modernizar” a Constituição de 1988, que previa direitos sociais e trabalhistas “não condizentes” com a concorrência econômica atual. Isto é, defendem como solução a aprovação das ditas reformas estruturais: “flexibilizar” os direitos trabalhistas, reformar o regime previdenciário, reduzir os impostos sobre a cadeia de valor da indústria.24 Não à toa, tanto as críticas quanto as soluções são compatíveis com a oposição ao governo nas ruas — como os movimentos Brasil Livre, Vem pra Rua e Revoltados Online — e partidária — em especial, do candidato Aécio Neves—, ambos fortalecidos pelas manifestações de junho.25
Implicações no momento presente
O timing da virada à oposição e o conteúdo das críticas expõem a fragilidade da aliança entre empresariado e governos petistas. De fato, as políticas micro atingiram positivamente a indústria nacional durante os governos petistas, embora não tenham sido suficientes para reverter a desindustrialização em curso. Conforme frequentemente comentado pelos industriais e confirmado pelo desempenho do setor, as medidas à indústria eram pontuais e compensatórias. Com exceção do breve ensaio de redução dos spreads bancários, as políticas econômicas não alteravam o modelo de acumulação e, portanto, não reposicionavam a posição decadente da indústria nacional — em especial a voltada ao mercado interno— na cadeia global de valores e na participação econômica nacional. Assim, há um desalinhamento estrutural entre os governos petistas – seu modelo de Estado mais presente, seu maior comprometimento com os direitos trabalhistas e políticas redistributivas, o modelo de acumulação do período—e os interesses do empresariado industrial nacional, o que dificulta um alinhamento de longo prazo, ideológico, da chamada coalizão produtivista.
Em momento de desaceleração econômica, em que o governo Dilma diminui o ritmo de implementação de políticas micro e atendimento das demandas industriais, e a política macro não estava mais alinhada com a expectativa empresarial, a motivação material imediata e pontual de apoio ao governo se corrói. Quando apresentada a oportunidade política—de fortalecimento da oposição e queda na competitividade eleitoral do PT—os industriais abandonam o barco. O ápice do conflito se materializa no protagonismo industrial no movimento pró-impeachment, no segundo governo Dilma, mas as fundamentações da oposição ao PT já estavam presentes desde 2013 no discurso industrial.
Essa discussão se torna ainda mais relevante quando observamos uma reaproximação dos industriais com o PT a partir das eleições de 2022, explicitada pela carta em defesa da democracia lançada pela Fiesp. Embora tivessem em sua maioria apoiado Bolsonaro em 2018, o governo bolsonarista atuou de forma mais independente, marginalizando, a partir de 2020, parte significativa do empresariado. Ademais, a condução política do país na pandemia aprofundou a crise econômica. Em resposta, parte do empresariado apoiou Lula na disputa eleitoral motivado por esses fatores – embora embalado em um discurso pró-democracia.
Neste novo governo Lula, assistimos quase uma reprise da dinâmica pré-junho de 2013 entre governo petista e industriais, com o lançamento da Nova Indústria Brasil, a retomada do Minha Casa Minha Vida e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Contudo, a manutenção dessa aliança parece ainda mais delicada atualmente, já que a margem de manobra econômica e política de Lula III é bastante reduzida. Primeiro, o apoio a Lula não foi consensual.26 Segundo, a economia está há quase uma década desaquecida e a autonomia orçamentária do governo é ainda mais reduzida devido à alta pressão fiscal e monetária – agora ainda mais forte sob um Banco Central independente e pelas restrições legais implementadas nos governos pós-golpe. Eleito com a promessa de retomar e fortalecer as políticas redistributivas, Lula tem de fazer escolhas difíceis sobre os gastos públicos, com potencial aprofundamento dos conflitos de classe. Por fim, a base parlamentar do governo é reduzida, o Congresso está mais conservador, e a oposição de extrema-direita prova-se mais competitiva do que a do PSDB dos anos 2010. Resta saber se o apoio de parte da elite empresarial é novamente circunstancial e dependente da aprovação popular do governo, ou se a ameaça à democracia representada pela oposição bolsonarista produziu maior solidez na nova aliança lulista.
Esse artigo apresenta de forma sintetizada parte dos principais argumentos desenvolvidos no terceiro capítulo da dissertação de mestrado da autora, intitulada: Desatando os Nós: Industriais Têxteis no Governo Dilma (Universidade de São Paulo, 2023).
Carles Boix (2003). Democracy and Redistribution, New York: Cambridge University Press; Daron Acemoglu and James A. Robinson (2006). Economic Origins of Dictatorship and Democracy. Cambridge: Cambridge University Press; Dan Slater, Benjamin Smith, and Gautam Nair (2014), Economic Origins of Democratic Breakdown? The Redistributive Model and the Postcolonial State, Perspectives on Politics 12(2): 353–74; Daniela Campello (2015). The Politics of Market Discipline in Latin America: Globalization and Democracy, United Kingdom: Cambridge University Press; Stephan Haggard and Robert R. Kaufman (2016). Dictators and Democrats: Masses, Elites and Regime Change. New Jersey: Princeton University Press.
↩Gibson, E. L. (1996). Class and Conservative Parties: Argentina in Comparative Perspective. Johns Hopkins University Press, Ziblatt D. (2017). Conservative Parties and the Birth of Democracy. Cambridge Studies in Comparative Politics. Cambridge University Press.
↩Armando Boito Jr. (2018), Reforma e Crise Política No Brasil: Os Conflitos de Classe Nos Governos Do PT. São Paulo: Editora UNESP.; André Singer (2012). Os Sentidos Do Lulismo: Reforma Gradual e Pacto Conservador. São Paulo: Companhia das Letras.
↩André Singer (2018). O Lulismo Em Crise: Um Quebra-Cabeça Do Período Dilma (2011-2016). São Paulo: Companhia das Letras.
↩Armando Boito Jr. (2018). Reforma e Crise Política No Brasil: Os Conflitos de Classe Nos Governos Do PT. Campinas: Editora Unicamp.
↩Alfredo Saad-Filho and Lecio Morais (2018). Brasil: Neoliberalismo versus Democracia. São Paulo: Boitempo.
↩Laura Carvalho (2018).Valsa Brasileira: Do Boom Ao Caos Econômico. São Paulo: Todavia.; Guilherme Klein Martins and Fernando Rugitsky (2019). The Commodities Boom and the Profit Squeeze: Output and Profit Cycles in Brazil (1996-2016). Department of Economics, FEA/USP WORKING PAPER SERIES No 2018-09.; André Singer (2016). O Lulismo Em Crise: Um Quebra-Cabeça Do Período Dilma (2011-2016). São Paulo: Companhia das Letras; Armando Boito Jr. (2018). Reforma e Crise Política No Brasil: Os Conflitos de Classe Nos Governos Do PT. Campinas: Editora Unicamp.; Pedro Paulo Zahluth Bastos (2017). Ascensão E Crise Do Governo Dilma Rousseff E O Golpe De 2016: Poder Estrutural, Contradição E Ideologia, Revista de Economia Contemporânea, 21; Alfredo Saad-Filho and Lecio Morais (2018). Brasil: Neoliberalismo versus Democracia. São Paulo: Boitempo.
↩Eli Diniz (2004). Globalização, Reformas Econômicas e Elites Empresariais, São Paulo: Editora FGV.; Eli Diniz and Renato R. Boschi (2003). Empresariado e estratégias de desenvolvimento, Revista Brasileira de Ciências Sociais 18 : 15–34. Armando Boito Jr. (2007), Estado e burguesia no capitalismo neoliberal, Revista de Sociologia e Política, 57–73.
↩Eli Diniz e Luiz Carlos Bresser-Pereira (2003) Depois do consenso neoliberal, o retorno dos empresários industriais?, Revista Brasileira de Ciências Sociais, 19; André Singer (2012). Os sentidos do Lulismo: reforma gradual e pacto conservador. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
↩Daniela Campello (2015). The Politics of Market Discipline in Latin America: Globalization and Democracy. Cambridge: Cambridge University Press
↩Ver: Guilherme Barros, “Filho de Alencar diz que só Palocci não blinda economia,” Acervo Digital – Folha de S.Paulo, August 21, 2005, ; “Não Voto Na Atual Política, Diz Josué,” Acervo Digital – Folha de S.Paulo, February 14, 2006; Raquel Landim and Raquel Salgado (2006). Indústria Paulista Tenta Refazer Pontes Com Lula, Valor Econômico, November 1, 2006.
↩Mark Blyth (2017). Austeridade: A História de Uma Ideia Perigosa. São Paulo: Autonomia Literária.
↩André Singer (2016). O Lulismo Em Crise: Um Quebra-Cabeça Do Período Dilma (2011-2016). São Paulo: Companhia das Letras.
↩Alfredo Saad-Filho e Lecio Morais (2018). Brasil: Neoliberalismo versus Democracia. São Paulo: Boitempo; André Singer (2016). O Lulismo Em Crise: Um Quebra-Cabeça Do Período Dilma (2011-2016). São Paulo: Companhia das Letras. Ainda, o governo era acusado de “maquiar” as contas públicas para garantir o superávit primário e as agências de rating ameaçavam rebaixar a nota do Brasil. “PSDB quer explicações sobre ‘maquiagem’ nas contas públicas ainda durante recesso,” Senado Federal, January 8, 2013.
↩A título de exemplo, medidas de salvaguarda que estavam em vias de serem aprovadas foram congeladas. A implementação da chamada “guerra dos portos”, de benefícios fiscais, também sofreu atrasos a partir de 2013, assim como discussões sobre ajustes de regimes tributários a setores específicos. A política de desoneração da folha de pagamento era ainda temporária, com previsão de encerramento para o ano de 2014, o que causava insegurança entre o empresariado. No âmbito macroeconômico, o governo perdeu o cabo de guerra e a tendência de queda da Taxa Selic foi revertida. Para mais, ver: Nicole Herscovici (2023). Desatando os nós: industriais têxteis nos governos Dilma. São Paulo, Universidade de São Paulo (dissertação); Rafael da Silva da Costa (2023). Quem sair por último, apague as luzes: a Confederação Nacional da Indústria e o golpe parlamentar de 2016. São Paulo, Universidade de São Paulo (dissertação); André Singer (2016). O Lulismo Em Crise: Um Quebra-Cabeça Do Período Dilma (2011-2016). São Paulo: Companhia das Letras.
↩Nicole Herscovici (2023). Desatando os nós: industriais têxteis nos governos Dilma. São Paulo, Universidade de São Paulo (dissertação).
↩Refletindo esse momento, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) já mostrava queda significativa no segundo trimestre de 2013.
↩Dilma recuou a partir da disputa eleitoral de 2014, em que prometeu um ajuste fiscal e demitiu o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, substituindo-o posteriormente por Joaquim Levy, um nome do mercado. Mesmo assim, em 2015, a proposta de ajuste fiscal foi duramente criticada pelos empresários industriais. Para eles, o ajuste proposto pelo governo aumentaria a carga tributária da classe empresarial, para manter os gastos públicos. Foi este, inclusive, o turning point para que os industriais simpatizassem publicamente com a proposta de impeachment da presidenta, no segundo semestre de 2015. Ver: Nicole Herscovici (2023). Desatando os nós: industriais têxteis nos governos Dilma. São Paulo, Universidade de São Paulo (dissertação).
↩Camila Rocha (2019). ‘Imposto é Roubo!’ A Formação de um Contrapúblico Ultraliberal e os Protestos Pró- Impeachment de Dilma Rousseff. Dados, 62(3); Angela Alonso (2017). A política das ruas: protestos em São Paulo de Dilma a Temer. Novos Estudos – CEBRAP, 37(1): 49–58; Luciana Tatagiba (2014). 1984, 1992 e 2013. Sobre ciclos de protestos e democracia no Brasil, Política & Sociedade 13 (28); André Singer (2016). O Lulismo Em Crise: Um Quebra-Cabeça Do Período Dilma (2011-2016). São Paulo: Companhia das Letras.
↩Wanderley Guilherme dos Santos (2017). A Democracia Impedida: O Brasil No Século XXI. Rio de Janeiro: Editora FGV.
↩Érica Fraga and Mariana Carneiro (2013). ‘Brasil Gastou Sua Poupança Na Disney’, Diz Chefe Do Goldman Sachs No Brasil, Folha de S.Paulo, August 18, 2013.
↩Gabriel Nunes De Oliveira and Nicole Herscovici (2022). Os empresários industriais no primeiro mandato Dilma Rousseff (2011-2014): uma análise a partir do jornal Valor Econômico. Revista Brasileira de Ciência Política, 37: 1–31.
↩Nicole Herscovici (2023). Desatando os nós: industriais têxteis nos governos Dilma. São Paulo, Universidade de São Paulo (dissertação).
↩Esse mesmo diagnóstico e prognóstico da crise brasileira são utilizados para justificar o apoio industrial ao impeachment de Dilma. As soluções sugeridas são sintetizadas no que veio a ser o programa do governo Temer – o documento Ponte para o Futuro, lançado no segundo semestre de 2015. Para mais, ver: Herscovici, 2023.
↩Tayrine dos Santos Dias (2017). ‘É Uma Batalha De Narrativas’: Os Enquadramentos De Ação Coletiva Em Torno Do Impeachment De Dilma Rousseff No Facebook”. Brasília, Universidade de Brasília (Dissertação); Letícia Baron (2019). Se empurrar, ela cai: as grandes manifestações pró-impeachment e a construção discursiva dos Movimentos Brasil Livre, Vem pra Rua, Revoltados Online e Endireita Brasil, Simbiótica. Revista Eletrônica, 191–217; Luciana Tatagiba, “1984, 1992 e 2013. Sobre ciclos de protestos e democracia no Brasil”; Armínio Fraga (2015). Respostas à Altura Da Crise, O Globo, September 13, 2015.
↩As Confederações da Indústria e do Comércio não assinaram a carta pró-democracia da Fiesp, por exemplo. Dentro da própria federação paulista, o documento foi duramente criticado. O processo de impeachment contra o presidente da FIESP, Josué Gomes, é um caso simbólico desse conflito intra-empresarial.
↩
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